Num dos pagodes na sede do bloco, que ficava na Rua Silvana, em Piedade, realizado um domingo antes do carnaval, uma das componentes do bloco me convidou para desfilar na Em Cima da Hora, que iria desfilar no sábado de carnaval pelo grupo A.
Aliás, o Bloco do Bigode parecia ter alguma ligação com a escola de Cavalcante, pois no repertório dos pagodes de domingo não podia faltar “Os sertões”, inesquecível samba-enredo da Em Cima da Hora de 1976, samba homônimo da obra de Euclides da Cunha, que falava sobre a guerra de Canudos.
O enredo daquele ano era sobre a Rua da Carioca e a minha ala representava o Bar Luiz, que tem um dos melhores chopes da cidade. Como é um bar com comida alemã, a nossa fantasia era de tirolês azul, que representava a cor da escola. Um caneco de chope pendurado no pescoço por um barbante também fazia parte da fantasia.
Na concentração eu comprava cerveja em lata e enchia a caneca pendurada no pescoço enquanto ríamos e tirávamos fotos.
A nossa escola seria a primeira a desfilar e quando o alto-falante anunciou a nossa entrada e do outro lado da Presidente Vargas teve uma sessão de fogos, nossos corações bateram mais forte. Lembro-me até hoje da chamada para começar a cantar o samba: “Com seu manto azul e branco vem ela aí e vem lá de Cavalcante pra Sapucaí.”
A presidente da ala alertou para que não entrássemos bebendo na avenida e rapidamente bebemos a cerveja que estava na caneca. Começava o samba: “Ô yara cigana, canta, dança e toca, é Rio, é Rua, é Carioca”. Mas a nossa ala se empolgava ainda mais quando cantávamos a parte: “E tome polca, no Bar Luiz a noite inteira, samba, chope e gafieira”, mostrando as canecas para o público e para os jurados.
Foi uma emoção ver o Arco da Apoteose crescendo diante dos nossos olhos e chegamos à dispersão com sensação de missão cumprida.
A GRES Em Cima da Hora tirou um modesto 6º lugar, mas fez um lindo desfile com qualidade de campeã.
(Jorge Eduardo Magalhães)
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