sexta-feira, 2 de novembro de 2007

ESQUETES

ATENÇÃO LEITORES, DIRETORES E PRODUTORES TEATRAIS. LEIAM ALGUMAS DE MINHAS ESQUETES PARA CONHECEREM UM POUCO DE MEU TRABALHO COMO AUTOR TEATRAL.

1 – O médico e a mona
(O médico está no consultório)
MÉDICO – O próximo, por favor. (Entra uma bichona aparentemente deprimida)
MÉDICO – Pode sentar. (Senta-se) O que houve?
HOMOSSEXUAL (Chorando) – Ai doutor eu estou sofrendo tanto! Tem dia que eu penso em cortar meus pulsos, ou então me jogar pela janela!
MÉDICO – Mas por quê?
HOMOSSEXUAL – Eu não suporto mais ser do jeito que eu sou!
MÉDICO – Como assim?
HOMOSSEXUAL – Eu não agüento mais ser gay. Isso é um martírio pra mim! Eu quero mesmo é casar, ter filhos!
MÉDICO – E por que não faz isso?
HOMOSSEXUAL (Em prantos) – Eu não consigo, eu acho um casal heterossexual bonito, mas eu não consigo gostar de mulher, ou melhor, (Histérico) eu tenho horror! (Cai em prantos)
MÉDICO – Calma, calma. Eu vou procurar te ajudar, mas pra isso você vai ter que me responder algumas perguntas.
HOMOSSEXUAL– Pois não, doutor. O senhor é um amorzinho!
MÉDICO – Algum trauma de infância?
HOMOSSEXUAL – Quando eu tinha meus quinze anos meu pai me chamou pra sair e me levou numa casa de mulheres. Quando eu vi onde eu estava comecei a suar frio, meu pai falou pra que eu escolhesse uma das meninas e eu escolhi qualquer uma. Nós fomos pro quarto e quando ela começou a me alisar eu vomitei em cima dela toda a dobradinha que eu tinha comido no almoço. Foi um horror, doutor! (Abre o berreiro)
MÉDICO – Mas você tem que superar esse trauma e procurar uma mulher que te dê carinho.
HOMOSSEXUAL – Mas doutor, recentemente eu sofri outro trauma.
MÉDICO – Como assim?
HOMOSSEXUAL – Eu sofri uma violência sexual! Ah doutor, foi um hor-ror!
MÉDICO – O quê? Pode me contar como aconteceu?
HOMOSSEXUAL – Ai, eu não gosto nem de lembrar! Eu estava na casa de uma amiga minha e fazia muito calor. Eu pedi para tomar um banho e ela perguntou se ela podia tomar banho comigo. Eu disse que sim, afinal da fruta que ela gosta eu como até o caroço. Tomamos banho juntos, quando eu vi ela estava me beijando, me agarrando. E o pior de tudo (Pausa) ela me violentou! Ai doutor foi Ter-rí-vel, fiquei uns três dias com febre!
MÉDICO – Então você admira as mulheres mas não consegue se relacionar com elas, não é isso?
HOMOSSEXUAL – Exatamente. Eu queria tanto ser uma pessoa normal, mas tenho pavor das mulheres, agora (pausa) quando eu vejo um garotão musculoso, (Suspira) eu fico louco. Principalmente aqueles tipo cafajeste. (Ofegante) Sabe doutor, eu a-do-ro ser humilhado na cama!
MÉDICO – Acho que você está com sorte. Tenho como curar seu problema.
HOMOSSEXUAL – Sério doutor?
MÉDICO – Seríssimno, tem uma paciente minha que vou atender depois de você, já deve estar na sala de espera. Tem o mesmo problema que você, somente que quer passar a gostar de homem.
HOMOSSEXUAL – Não entendi.
MÉDICO – Mas logo vai entender. (Levanta-se e vai até à porta do consultório) Teresão, pode entrar. (Teresão é uma sapatão que usa blusão e relógio cebolão)
TERESÃO – E aí doutor, que que o senhor manda.
MÉDICO – Eu vou lhe apresentar meu paciente.
TERESÃO – Tudo bem cara? (Aperta a mão da bicha com tanta força que ele grita e fica sacudindo a mão)
MÉDICO – Eu acho que tenho a solução para curar os dois ao mesmo tempo.
TERESÃO E HOMOSSEXUAL – Então fala doutor!
Médico – Os dois querem se interessar pelo sexo oposto e não conseguem. Então quem sabe vocês não se entendem? Afinal ele é um homem afeminado e você uma mulher masculinizada. Pois é, namorem e finja que ela é um homem e você é uma mulher.
HOMOSSEXUAL – Será que vai dar certo doutor?
MÉDICO – Não custa nada tentar.
TERESÃO – Gostei da idéia. (Para o homossexual) Vem cá minha gatinha, vem namorar com o papai aqui. (Tenta agarrar a bicha que se afasta)
TERESÃO – Não foge do papai não, minha gostosa. (Corre atrás da bicha)
HOMOSSEXUAL (Correndo desesperado) – Socorro! Alguém me ajuda!
(Teresão corre pelo palco atrás dele)
TERESÃO – Não faz charme minha gostosa. (Os dois saem de cena)
MÉDICO – Sejam felizes! (À parte) Nossa! O amor não é lindo?


Esquete 2 – Fim de semana na praia
(Casal entra no quarto da pousada guiados pela gerente.)
MARIDO – É aqui?
ESPOSA – A Izildinha disse que a pousada era rústica, mas isso aqui está me parecendo uma espelunca.
GERENTE – Ah sim, é porque estamos passando por pequenas reformas.
ESPOSA – Pequenas... isso aqui vai ter muito o que reformar, a Izildinha me paga!
MARIDO (Cutucando a esposa) – Querida! (Para a gerente) Muito obrigado, qualquer coisa chamamos a senhora.
GERENTE – Qualquer coisa estou às ordens. (Estende a mão para pedir gorjeta, fica parada por alguns instantes. O marido somente lhe dá um aperto de mão.)
MARIDO – Obrigado.
GERENTE (Irritada) – Avareza é pecado. (Sai resmungando)
ESPOSA (Irritada) – A Izildinha é mesmo uma ordinária! Ela me paga!
MARIDO – Que é isso querida? De repente ela se enganou.
ESPOSA – Como você é ingênuo! Ela fez isso pra zombar de mim, ela sempre competiu comigo, desde os tempos de colégio. Vivia dando em cima de você, lembra? Bem que eu te disse que a gente não podia confiar naquela mulherzinha! Agora estamos nesta espelunca e ainda por cima está caindo o maior temporal lá fora!
MARIDO – Relaxa querida, vamos aproveitar o nosso fim de semana da melhor forma possível, afinal conseguimos deixar as crianças com a tua mãe pra darmos um passeio. Tudo bem que está chovendo, que este lugar é um fim de mundo e que a pousada é horrível, mas vamos tentar nos divertir. Aliás um banho de mar com chuva é muito gostoso, a água fica quentinha.
ESPOSA – Tem razão, só espero que não aconteça mais nada. (Falta luz)
MARIDO – Droga, faltou luz.
ESPOSA – Não é possível, a gente cansa de trabalhar debaixo de um dia lindo e quando temos uma folguinha, acontece tudo isso!
MARIDO – Calma querida, vamos chamar a gerente pra ver o que está acontecendo e depois vamos pegar nossos guarda-chuvas e dar um passeio na praia. (Batem na porta, o marido abre a porta. É a gerente.) Puxa, precisava mesmo falar com a senhora. A senhora tem previsão de quando a luz vai voltar?
GERENTE – Daqui a uns três dias?
ESPOSA – O quê?
GERENTE – A Light demora muito a vir aqui, principalmente porque tivemos alguns probleminhas.
MARIDO – Calma querida, então vamos dar um passeio na praia.
GERENTE – Só não entrem na água.
ESPOSA – Ué! Por quê?
GERENTE – Por isso que eu vim aqui, estamos avisando a todos os hóspedes. Estourou o emissário submarino e a praia está imprópria pro banho.
MARIDO – Mas no Rio também tem muitas praias impróprias pro banho.
GERENTE – Quando vocês verem o estado da água, rapidinho vão desistir de entrar.
ESPOSA – Como assim?
GERENTE – Vocês conhecem a praia de Ramos lá no Rio? (Os dois fazem que sim com a cabeça.) Pois é, a água da praia de Ramos perto dessa aqui é cristalina.
ESPOSA – Ai meu Deus!
GERENTE – Com licença. Qualquer coisa é só me chamar.
MARIDO – A senhora nos traz uma porção de camarão? Me disseram que o camarão daqui é uma delícia. (A gerente faz que sim com a cabeça e sai) Agora só nos resta curtir momentos a sós aqui no quarto sem as crianças por perto. Coloca aquela roupinha especial que você trouxe.
ESPOSA (Empolgada) É pra já. Já volto! (Vai ao banheiro, demora uns instantes e solta um grito)
MARIDO – O que foi querida?
ESPOSA – Querido, aconteceu uma tragédia, uma desgraça! A minha menstruação veio!
MARIDO – Mas você não disse que viria só na semana que vem?
ESPOSA – Pois é, mas veio antes!
MARIDO (abraça a esposa) – Calma querida, calma. (Batem na porta. O marido atende, é a gerente com a porção de camarão) Muito obrigado. (A esposa começa a dar tapa no corpo e no ar)
ESPOSA – Isso aqui está cheio de mosquitos.
GERENTE – Aqui quando chove e falta luz é assim mesmo.
MARIDO – O pior é que a gente não trouxe repelente!
ESPOSA – Querido, vamos embora?
GERENTE – Isso não vai ser possível. Caiu uma barreira na estrada. Eles vão esperar melhorar o tempo pra removerem. Com licença (Sai)
ESPOSA (Abraçando o marido) – Não é possível!
MARIDO – Querida, relaxa . vamos comer o camarão, parece estar uma delícia. (Começa a comer) Está muito gostoso. Experimenta querida.
ESPOSA – Estou sem fome.
MARIDO – Que pena, está uma delícia. (Come o camarão e coloca a mão na barriga) Acho que está me dando dor de barriga! Ai não vai dar tempo. (Corre para o banheiro. Batem na porta, a esposa atende. É a gerente)
ESPOSA – Pois não.
GERENTE – Só vim avisar que devido ao mau tempo, tivemos um problema hidráulico, por isso estamos pedindo aos hóspedes que não usem o vaso sanitário, qualquer coisa vão no banheiro coletivo. Mesmo porque estamos isolados e não conseguimos comprar material de limpeza para limpar o banheiro e os vasos sanitários.
ESPOSA – Ah não! (Começa a chorar e abraça a gerente.)
GERENTE – Calma, calma, passou. Aliás, que mau cheiro é esse?
(A esposa cai em prantos)




Esquete 3 – A lanchonete do Jacó
(Rapaz vai se declarar para a menina. Entram na lanchonete com a tabuleta escrito “Lanchonete do Jacó” e um quadro com os sanduíches e seus respectivos preços. Sentam-se à mesa.)
MENINA (Olhando ao entorno) – Vamos ficar aqui?
RAPAZ – Desculpa, eu sei que você merece um lugar melhor, mas você sabe que comecei a trabalhar há pouco tempo e a grana ainda tá curta. Você entende, não é?
MENINA – Tudo bem, só falei por falar.
RAPAZ – Mas estou disposto a pedir o melhor que a casa oferecer.
MENINA (Derretida) – Ah, obrigada!
RAPAZ - Vou fazer o pedido. Ô Jacó! (Jacó entra.)
JACÓ – Pronto.
RAPAZ – O que você tem de melhor na casa?
JACÓ – Eu tenho um X-Tudo especial.
RAPAZ – Está bom pra você querida?
MENINA – Por mim está ótimo. Traz uma Coca-cola pra eu beber.
RAPAZ – Então traga duas Cocas e dois X-Tudos especiais.
JACÓ – É pra já. (Sai)
MENINA (Derretida) – Mas o que você queria mesmo falar comigo?
RAPAZ – Bem, é que há muito tempo... (Jacó entra)
JACÓ – Com licença, desculpem é que não vai ser possível fazer o X-Tudo porque acabou a batata-palha. E X-Tudo especial leva batata-palha. E a Coca-cola também acabou.
RAPAZ – Tudo bem, então traga um X-Eggburguer e dois guaranás. Está bom pra você querida?
MENINA – Claro, está ótimo.
JACÓ – É pra já! (Sai)
RAPAZ – Bem, continuando: é que há muito tempo eu venho te... (Jacó entra em cena.)
JACÓ – Com licença. Desculpa interromper novamente, é porque não tem ovo e não vai ser possível fazer o X-Eggburguer. (pausa) Ah, e o Guaraná acabou.
RAPAZ – Não tem problema. Me traz então dois X-Bacons. Ah e duas Fantas. Está bom pra você querida?
MENINA (Impaciente) – Está ótimo.
JACÓ – É pra já. (sai)
MENINA (Irritada) – O que você tem pra me falar?
RAPAZ – Bem, é que há muito tempo eu venho te observando e... (Jacó entra.)
JACÓ – Com licença.
RAPAZ- O que foi agora Jacó?
JACÓ – Sabe o que é? É porque não vai ser possível fazer o X-Bacon.
RAPAZ E MENINA – Por quê?
JACÓ (Sem jeito) – Porque o Bacon acabou. Ah e a fanta também está em falta.
RAPAZ (Irritado) – Então me traz dois X-burguers. E duas sodas.
JACÓ – É pra já. (sai)
MENINA (Irritada) – Fala logo o que você tem pra falar!
RAPAZ – Bem, é há muito tempo que eu venho te observando e percebi que você... (Jacó entra)
JACÓ – Com licença.
RAPAZ – O que foi agora Jacó?
JACÓ – É que não vai ser possível fazer o X-Burguer.
MENINA – Já sei, não tem queijo.
JACÓ (Sem graça) – Pois é.
RAPAZ – Então faz o seguinte. Traz dois hamburguers simples e os refrigerantes que você tiver.
JACÓ – Esse é o problema.
MENINA – Ué, por quê?
JACÓ – Por que não tenho pão de hamburguer, nem carne etc. Ah e estou sem refrigerante nenhum.
RAPAZ (Irritado) – Então me diga o que você tem.
JACÓ – Pra comer só cachorro quente.
MENINA – Então me traz um cachorro quente com lingüiça.
JACÓ – Somente que não tem lingüiça. Cachorro quente só de salsicha de frango.
MENINA (Torcendo o nariz) – Salsicha de frango?
RAPAZ – Tudo bem, e pra beber?
JACÓ – Só tenho morango ao leite.
RAPAZ – Pode ser, traz dois cachorros quentes e dois morangos ao leite.
JACÓ – É pra já. (sai. A menina está visivelmente irritada.)
RAPAZ – Como eu estava dizendo, há muito tempo eu venho te observando e percebi que você é a mulher da minha...
JACÓ – Com licença. Desculpe incomodar, é que...
RAPAZ E MENINA – O que é que não tem agora Jacó?
JACÓ (Sem jeito) – É que não tem leite. Com licença (Sai)
MENINA (levantando-se) – Pra mim chega, vê se escolhe um lugar melhor pra levar as meninas. (sai)
RAPAZ – Querida, espera um instante, volta aqui! (Jacó entra)
JACÓ – Com licença.
RAPAZ – Está vendo o que você fez Jacó. Aqui é uma espelunca, não tem nada!
JACÓ – É isso que eu queria te dizer. Acabei de encontrar tudo o que eu achava que não tinha. Estava no fundo do freezer. O que você vai querer?
RAPAZ – Desgraçado! Você vai ver só o que eu vou fazer! (Derruba a mesa, as cadeiras e a tabuleta)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

CURSOS DE ROTEIRO

- Iniciação ao Roteiro de Cinema e Televisão com Luiz Carlos Maciel - Fundição Progresso (1996)
- Roteiro de Cinema e Televisão com Walcyr Carrasco - SATED/RJ (2003)
- Roteiro de Cinema com Melanie Dimantas - SESC/RJ (2007)

UMA BREVE BIOGRAFIA

JORGE EDUARDO MAGALHÃES nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de fevereiro de 1972. Em 1997 graduou-se em Letras pela Faculdade de Humanidades Pedro II tendo as especializações em Literatura Brasileira e Portuguesa, ambas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Atualmente leciona na Rede Estadual de Ensino e na Prefeitura Municipal de São Gonçalo.