quinta-feira, 18 de junho de 2015

ARTIGO - A FIGURA DO PAI EM "NOVE NOITES"


Por:
Jorge Eduardo Magalhães


I – Introdução


Publicado em 2001, o romance Nove noites, de Bernardo Carvalho tem uma narrativa que oscila entre o tempo presente e o tempo passado, num espaço em que o narrador-personagem faz um cruzamento entre ficção e realidade e no qual um leitor desatento pode acabar se perdendo.
Baseado num fato real, o suicídio de um etnólogo americano, Buel Quain, em agosto de 1939, no meio da floresta, quando regressava de uma aldeia indígena no Tocantins, sem nenhum motivo que aparentemente justificasse sua atitude tão drástica. Quain deu cabo à sua vida quando tinha apenas 27 anos na frente dos índios Krahôs que o acompanhavam de volta à cidade de Carolina.
No romance aqui estudado, Bernardo Carvalho propõe um resgate deste remoto fato verídico e dramático ocorrido na longínqua década de 30 do século passado, fato até então, praticamente esquecido pela maioria das pessoas. O romance faz do cruzamento entre ficção e realidade algo tão verossímil que leva o leitor a minimizar esse distanciamento.
A proposta principal deste trabalho é justamente fazer um breve estudo desta desconstrução narrativa e temporal no romance de Bernardo Carvalho em que as linguagens literária e jornalística, unidas por um jogo entre o tempo e o espaço, e através de um misterioso narrador, oscilam entre o tempo presente e o tempo passado; o tempo real e o imaginário; o espaço urbano e o selvagem. A partir de uma entrevista do próprio Bernardo Carvalho abordaremos a questão do paternalismo dentro da obra estudada e até onde a fala dos narradores, na verdade, é a fala do próprio autor.
Será feita justamente uma breve análise sobre a questão do pai dentro da obra. O paternalismo em relação aos índios, a influência do pai na vida de Buell Quain e na sua tão drástica atitude.


II – O foco narrativo – a relação entre autor, narrador e obra


Em Nove noites, os narradores-personagens: Manuel Perna, o engenheiro que convive com o antropólogo, e o jornalista que investiga o suicídio de Quain, sessenta e dois anos depois, apesar de representarem a parte ficcional da obra, misturam-se com os fatos reais e, muitas vezes, podem confundir o leitor, pois este segundo, que representa o lado investigativo, não deixa claro de quem se trata e qual é o seu verdadeiro interesse. [1]
Segundo Sílvia Regina Pinto:

Neste texto proponho-me a pensar a narrativa ficcional contemporânea, no que se refere, especialmente, ao papel do narrador enquanto vítima de si mesmo, isto é, como sujeito agenciador de estruturas referenciais complexas, que sinalizam para as tentativas de demarcação de territórios ficcionais feitos de areias movediças, fronteiras deslizantes e sujeitos performáticos, que, muitas vezes, não passam de simulacros.[2]


Podemos observar em Nove noites que o foco narrativo é muito amplo e até mesmo complexo onde o narrador finge e, muitas vezes, deixa vago aquilo o que está querendo nos dizer. Percebemos que um enorme vácuo e um grande mistério cercam a leitura no decorrer do todo o romance.
O romance desconstrói a forma da narrativa tradicional da prosa em geral, oferecendo-nos um jogo, quando esta narrativa é um desafio ao leitor acostumado com narrativas convencionais. Nove noites [3].
O livro inicia com uma carta contando fatos vivenciados pelo narrador que conheceu e conviveu com Quain. Este, antes de iniciar sua narrativa previne ao seu provável leitor que é [4] para o que ele vai contar.
Pouco a pouco este narrador fornece ao leitor alguns dados sobre si mesmo, como o lugar onde vivia e sobre um fato que mexeu com toda a aldeia: a chegada de um jovem antropólogo americano que se tornou seu amigo, <À falta de outra amizade> no ano de 1939.
Observemos essa afirmação de Belém Barbosa sobre o perfil do narrador-observador:

Não sabemos quem investiga, até porque ninguém nunca lhe perguntou a razão de sua curiosidade. Há a desculpa de escrever um livro, que vai adiantando para não levantar suspeitas. Pela sua mão somos guiados para entrevistas com pessoas que privaram com Quain arquivos públicos e memórias deixadas em cartas, escritas pelo suicida antes de morrer e, por fim, por seu amigo com quem partilhou nove noites de conversas e relações.[5]


O narrador, numa narrativa central, conduz o leitor para vários outros relatos e narrativas.
Revela que cinco meses depois de sua chegada àquela região, o amigo americano cometeu suicídio deixando uma carta para ele, outra para o capitão, delegado de polícia, além de outras cinco para familiares e amigos nos Estados Unidos. Mostra-se desconfiado e temeroso. Sua narrativa, em tom intimista, leva o leitor a querer saber mais detalhes e a continuar a leitura.
O narrador, que diz ter convivido com Buell Quain, guarda consigo, mesmo seis anos após a morte do amigo, a carta endereçada ao capitão por medo e desconfiança de quem o cerca. Conta que foi quase obrigado a deixar a cidade de Carolina, para onde pretende voltar. Deixa o testamento para o seu leitor e não tem certeza se este o lerá um dia.
Há no romance uma quebra de narrativa, que vai do relato das cartas do primeiro narrador, direto para os dias atuais, mais precisamente o ano de 2001, sessenta e dois anos após a morte do etnólogo americano onde o narrador agora é um leitor do século vinte e um que lê sobre Buell Quain num artigo de jornal. A partir daí começa sua curiosa busca por detalhes a respeito de Buell Quain.
Com a ajuda da antropóloga que escreveu o artigo lido no jornal é que este narrador-personagem começa a sua pesquisa. Chega a ter, de início, acesso a quatro das sete cartas que foram deixadas por Buell, entre elas a deixada para Manoel Perna, engenheiro de Carolina que, por associação, o leitor chega à conclusão de que se trata do autor da carta que inicia o livro.
Sua pesquisa sobre o jovem etnólogo americano Buell Quain, que cometeu suicídio quando tinha apenas 27 anos, revela ao leitor uma mistura de fatos históricos e fictícios que torna a história tão verídica como as datas e os fatos marcantes nos anos de 1938 e 1939.
Os narradores da trama, em algumas partes, são tão ambíguos e em outras tão vagos, o que fazem o leitor, às vezes, acreditar em tudo aquilo o que falam e outras o faz duvidar.
Bernardo Carvalho é jornalista, foi editor do “Folhetim” e correspondente em Londres e Nova York pela Folha de São Paulo. Isso nos leva a crer que haja um pouco do autor no narrador-personagem que investiga o caso sessenta e dois anos depois, tanto pela sua linguagem jornalística, quanto pelo trabalho de pesquisa e investigação do narrador-repórter que vai até os índios do Xingu procurando pistas sobre o convívio de Quain com os Krahô e viaja para os Estados Unidos em busca de algum familiar do etnólogo.
Em sua recente entrevista para um site onde fala exclusivamente de Nove noites, Bernardo Carvalho fala da incômoda relação de paternalismo entre antropólogos e índios. Daí é possível fazer uma análise de como o índio é retratado sob o ponto de vista dos narradores e de como esse ponto de vista reflete as idéias do próprio autor como podemos ver no trecho de uma carta de Buell Quain a amiga Júlia:
“(...) As calças e camisas são para eles. Não gosto de lhes dar roupas, pois ficam bem melhor sem elas – mas eles insistem.”[6]
Vejamos também este trecho de outra carta de Quain para Ruth Landes:
“Encontrei um grupo de índios krahô e eles parecem pavorosamente obtusos. Têm cortes de cabelo engraçados, furam as orelhas e continuam sem usar roupas nas cidades.”[7]
Sem dúvida, esse ponto de vista de Buell acerca dos índios está bem próximo do que pensa o autor, que cita Levi Strauss ”que não gosta dos índios, não tem nenhum tipo de paternalismo, apenas gosta de seu estudo”.
  
III – A questão do pai
A contrariedade em relação ao paternalismo com os índios é reforçada quando o narrador-jornalista, que investiga o caso, aponta as dificuldades que Buell pode ter enfrentado no trato dos índios por ser estrangeiro ao citar uma fala de Castro Faria:
“No tempo de Rondon, havia toda aquela ideologia de não tocar no índio, de não ter relações sexuais com os índios, de morrer se preciso fosse, matar nunca. Havia muitos erros de SPI (Sistema de Proteção ao Índio) nesse tipo de contato”.[8]
Sabendo-se que Rondon era bisavô de Bernardo Carvalho, fica no ar se esta afirmação é de Castro faria ou do próprio autor.
Toda essa questão de paternalismo é repassada para a questão do pai, a figura do pai como central na formação do indivíduo. Quain e seu estado emocional, sua vida familiar e todo o tormento que o levaria ao suicídio passam pela imagem do pai.
Segundo Bernardo Carvalho na referida entrevista:


Todo mundo está à procura de um pai. Os índios estão querendo um pai, pois de alguma maneira são órfãos da civilização. O Quain tinha uma relação complicadíssima com o pai, e ao mesmo tempo faz o papel de pai com os índios. O narrador, do mesmo modo, contrapõe a história do antropólogo com a do próprio pai. Tudo gira em torno da linguagem paternal. É curioso. É uma ficção que tem a ver com antropologia e que acaba sendo sobre as relações de parentesco.[9]


Essa questão do pai estaria diretamente ligada ao desajuste emocional de Quain que o levou tão cedo a tantas buscas pessoais, talvez buscasse uma resposta para sua própria identidade.
No livro O que é um pai? há uma discussão sobre essa abordagem da questão do pai na modernidade e na contemporaneidade.
Segundo Nadiá Paulo Ferreira:
“No século XIX, a dor de existir comparece sob a via da insubordinação à imagem de um pai potente (...). Na contemporaneidade, retira-se de cena a dor de existir e põe-se em seu lugar a promessa de um gozo a mais”. [10]
Parece que Buell Quain seria esse jovem que vê o pai denegrido, destituído de sua virilidade e com quem não é preciso mais travar combate, pois já se apresenta vencido. No entanto, a falta do combate o leva a um mal-estar, a um recalque e a uma sensação de fracasso.
Em Nove noites, esse mal-estar diante da figura do pai é revelado pelo narrador-investigador:
“Dois meses antes de se matar, o antropólogo mencionou em suas cartas questões familiares que o obrigavam a romper o trabalho com os índios e voltar para os Estados Unidos”.[11]
Mais adiante, na mesma página, em uma carta de Buell Quain verificamos a seguinte confissão:
Meus pais acabam de passar por um divórcio que durou seis meses. Estão com quase setenta anos, e se odiaram por trinta anos ou mais. Meu pai sofre de uma degenerescência senil – talvez seja o que o tenha levado a escarafunchar o passado nos últimos seis meses.[12]
Mais adiante, numa fala atribuída a Castro Faria, temos a revelação de que provavelmente o divórcio dos pais de Quain fosse a razão de sua instabilidade emocional.
O próprio Bernardo Carvalho, na entrevista citada, aponta o provável desajuste de Buell Quain pelo fato deste fazer parte de um grupo selecionado por Ruth Benedict, sua orientadora. Ruth era gay e estaria fora do eixo da cultura americana. Parecia que todos desse grupo, selecionados por ela, eram considerados também desajustados.
Ainda no livro O que é um pai?, Nadiá Paulo Ferreira argumenta:

Atrás de figura de um pai frágil e sem força, que nada tem a oferecer aos ideais, temos o processo de degradação do outro. (...) Eis o quadro de tragédia humana, corporificando um lugar e substancializando uma função para transformá-la ou em um pai onipotente e portanto invencível (século XIX) ou em um pai que falha e fracassa (Contemporaneidade)[13]


Numa bela passagem de Nove noites, o narrador-jornalista brinda o leitor com uma análise profunda da relação humana de paternidade:

O mais incrível, nos nascimentos, é a euforia cega com que os pais encobrem o risco e a imponderabilidade do que acabaram de criar, a esperança com que recebem e que os faz transformar em augúrio promissor a incapacidade de prever o futuro que ali se anuncia e a impotência de todas as medidas de precaução nesse sentido. Se assim não fosse, é bem provável que o ser humano já tivesse desaparecido da face da terra, pelas mãos de mães zelosas e assassinas.[14]


Sem dúvida este parêntese que se abre no texto de Nove noites revela ao leitor uma reflexão do autor na voz do narrador-personagem, que investiga o caso do suicídio. Com isso se conclui toda a sua preocupação com a influência do pai na vida e na morte de Buell Quain.

IV – O tempo: o cruzamento entre ficção e realidade
Como nos alerta o próprio Bernardo Carvalho, na citada entrevista, nada que é dito em seu livro pode ser considerado totalmente verídico, até mesmo as cartas, pois toda a parte real da obra pode ter sido modificada pelo autor justamente para que seu objetivo, o de tornar indistinta a relação entre ficção e fato real, fosse alcançado.
O narrador nos conduz em um jogo, uma armadilha como podemos perceber nesta entrevista do próprio Bernardo Carvalho sobre Nove noites no Paiol Literário de 2007:

Quando eu o escrevi, tinha escrito livros esquisitos, que não vendiam, que as pessoas não gostavam. Então fiquei irritado e entendi o que as pessoas queriam: história real, livro baseado em história real. Pensei: “Se é isso que eles querem, é isso que eu vou fazer”.  Mas fiz algo perverso para enganar o leitor, criar uma armadilha. O leitor pensa que está lendo uma história real, mas é tudo mentira.[15]


A narrativa nos leva a essas pistas falsas, pois não sabemos quando o narrador está falando a verdade, especialmente quando descreve a narrativa dos índios. O próprio Benardo Carvalho em uma entrevista diz que .[16]
O cruzamento entre ficção e história aparece o tempo inteiro em Nove noites, mas podemos destacar especialmente o relato do narrador-personagem, que representa a investigação, quando este se encontra com o professor Luiz de Castro Faria no seu apartamento em Niterói.
O narrador revira vários arquivos, um deles, a de Heloísa Alberto Torres que foi diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro na década de 30.
Antes do encontro com o professor, o narrador-investigador logo nos dá uma pista deste contexto histórico inserido na obra como podemos perceber neste trecho de Nove noites:

Buel Quain se matou na noite de 2 de agosto de 1939 – no mesmo dia em que Albert Einstein enviou ao presidente Roosevelt a carta histórica em que alertava sobre a possibilidade da bomba atômica, três semanas antes da assinatura do pacto de não-agressão entre Hitler e Stalin, o sinal verde para o início da Segunda Guerra e, para muitos, uma das maiores desilusões políticas do século XX.[17]


Encontra-se pessoalmente com Castro Faria em seu apartamento em Icaraí, uma das últimas pessoas vivas que conheceu Buell Quain.
Castro Faria revela ao nosso narrador que ele e Quain não foram íntimos, foram contemporâneos. O que lhe chama mais atenção é o fato da morte de Quain não ter abalado seus colegas.
O encontro do narrador-investigador com Castro Faria é fundamental para descrever um pouco do perfil de Quain e relatar o período na história de nosso país em que conviveu com o etnólogo americano e, consequentemente, o ano de seu suicídio: a Era Vargas e o Estado Novo quando [18]
O narrador descreve a lucidez, a memória e a articulação do professor Luiz Castro Faria, apesar de seus oitenta e oito anos.
O professor o recebe na biblioteca de seu apartamento e conta sua convivência com Quain onde revela que não eram íntimos, apenas conviveram numa das últimas vindas do etnólogo americano ao Brasil.
Através do professor Castro Faria podemos fazer uma breve reconstituição do que era o Brasil e sua política no final da década de 30. Em 1938, aos vinte e quatro anos de idade, Castro Faria foi membro do Conselho de Fiscalização numa expedição com Levi Strauss. Segundo ele [19]
Lembrando que o golpe de estado intitulado “Estado Novo”, foi dado no ano anterior da expedição em que Castro Faria acompanhou Levi Strauss. O nome Estado Novo foi inspirado na ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, em Portugal. O regime durou até 29 de outubro de 1945 quando Getúlio Vargas foi deposto pelas Forças Armadas.
O Estado Novo fazia constantes censuras e fiscalizações em todo o território brasileiro e também em quem por ele se movimentava. Um exemplo disso foi a nomeação de interventores para governarem os estados, quando Vargas deu a estes plena autonomia administrativa e a censura aos meios de comunicação realizada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que também fazia propaganda do governo vigente.
Observemos este trecho do livro onde o narrador-investigador fala sobre o regresso de Quain da aldeia dos Trumai:

Sua expedição solitária aos Trumai ao longo de 1938 foi marcada por percalços, imprevistos, frustrações e contrariedades, que terminaram com  a interrupção de sua pesquisa de campo, a indisposição do Estado Novo e a volta forçada ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1939. Um golpe que abalou ainda mais o seu estado de espírito.[20]


As dificuldades existentes devido à ditadura de Vargas é apenas um exemplo quando se trata do contexto histórico inserido neste livro de Bernardo Carvalho, pois devemos lembrar que esta cita o desmatamento das matas brasileiras durante o governo militar para fazer pasto com o pretexto de desenvolver a região nas décadas de sessenta e setenta do século passado e o fatídico 11 de setembro, já no ano de 2001 no início do nosso século quando o narrador-investigador está pesquisando a morte de Quain.
Observemos esta outra afirmação de Belém Barbosa sobre este cruzamento entre ficção e história na obra:

Bernardo Carvalho junta habilmente a realidade e a ficção, o romance e a investigação que desenvolveu sobre os índios e sobre o antropólogo. Como nos diz o próprio autor nos agradecimentos; <É uma combinação de memória e imaginação – como todo romance, em maior ou menor grau, de forma mais ou menos directa>.[21]


Citando exemplos de escritores anteriores a Bernardo Carvalho que fizeram com maestria este cruzamento como o grande Machado de Assis em Esaú e Jacó e, posteriormente, Rubem Fonseca em Agosto e Moacyr Scliar em A majestade do Xingu, podemos dizer que Carvalho em Nove noites inova devido aos narradores que viajam entre o presente e o passado.


V – Conclusão
O romance Nove noites não é o primeiro exemplo na Literatura Brasileira onde o narrador se mistura e se envolve diretamente com a trama e com as personagens e nem muito menos é o primeiro que se propõe a fazer um cruzamento entre ficção e realidade, mas mesmo assim é inovador porque os tempos, os espaços e os narradores se misturam à medida que procura tecer a trajetória, a história do etnólogo americano Buell Quain e as reais causas de seu suicídio.
Como já foi dito anteriormente, este cruzamento no faz ter dúvidas sobre o que é ficção e o que é realidade; o leitor não sabe muito bem onde está pisando e muitas vezes, numa falta de atenção pode se perder.
Os narradores desta obra de Bernardo Carvalho nos levam a reconstituição dos vários espaços pisados pelo etnólogo, tanto fora, quanto dentro do Brasil, tanto num espaço urbano quanto selvagem. Espaços estes que fazem o leitor viajar entre o presente e o passado.
A questão do pai, o paternalismo presente na obra é muito marcante em Nove noites quando temos a suposição de que a figura paterna influenciou todo um desequilíbrio emocional na personalidade de Quain, um pai fraco vencido por um casamento infeliz e por uma doença. Não só o pai, como a questão familiar foram fundamentais para a instabilidade e pelo desajuste social do etnólogo americano.
Vemos também o paternalismo criticado por Bernardo carvalho quanto ao tratamento dado aos índios. Estes, por sua vez, procuram o tempo inteiro a figura do pai, a figura de um protetor.
 A linguagem jornalística e as opiniões dos dois narradores-personagens, principalmente o narrador-investigador, confundem-se com a do próprio Bernardo Carvalho, que além de ser jornalista em sua entrevista, fala de Buell Quain visto como pai pelos índios, que a todo tempo procuram esta figura paterna, e sua conturbada relação com o próprio pai.























Bibliografia


1.  BARCELOS, Janaína Dias. http://proacad.metodistademinas.edu.br/tecer/TEXTOS_TECER0/IMGS/PDFS/MORTE_JANAINA.pdf.






3. CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.



4. DAVID, Ségio Nazar (Org.). O que é um pai?. .Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997.



5. MOURA, Flávio. A trama traiçoeira de Nove noites. 23 set. 2002. www.eduquenet.net/novenoites.



6 PINTO, Sílvia Regina. In: ----. Desmarcando territórios ficcionais: aventuras e perversões do narrador. http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/convidado23.htm.



7 RESENDE, Beatriz. “Bernardo Carvalho ousa escrever um anti-quarup”. Jornal do Brasil, Caderno Idéias, 08/03/2003






9.http://rascunho.rpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=45&lista=0&subsecao=0&ordem=1504.



10. RESENDE, Beatriz. “Bernardo Carvalho ousa escrever um anti-quarup”. Jornal do Brasil, Caderno Idéias, 08/03/2003

11. http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1586,1.shl



12. http://www.tirodeletra.com.br/biografia/BernardoCarvalho.htm



13. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u530828.shtml



14. http://bombsite.com/issues/102/articles/3038


15. http://revistalivro.files.wordpress.com/2010/04/nove_noites.gif



16. http://www.ufmg.br/online/arquivos/007087.shtml







[2] PINTO, Sílvia Regina. In: ----. Desmarcando territórios ficcionais: aventuras e perversões do narrador. http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/convidado23.htm. p. 2.
[4] CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 6.
[6] Op. Cit. nota 4. p. 25.
[7] Idem. p.26.
[8] Idem. p.33.
[9] MOURA, Flávio. A trama traiçoeira de Nove noites. 23 set. 2002. www.eduquenet.net/novenoites. p. 2.


[10] FERREIRA, Nadiá Paulo. Sob os véus da castração – a questão do pai na Modernidade e Contemporaneidade. In: ----. DAVID, Ségio Nazar (Org.). O que é um pai?. .Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997. p. 51-52.
[11] Op. cit. nota 4. p. 18.
[12] Idem. p. 18.
[13] Op. Cit. nota 10. p. 51-52.
[14] Op. cit. nota 4. p. 16.
[15]http://rascunho.rpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=45&lista=0&subsecao=0&ordem=1504. p. 3.
[16] Op. cit. nota 9. p.1.
[17] Op. cit. nota 4. p. 12.
[18] Idem. p. 38.
[19] Idem p. 27.
[20] Idem. p. 14.
[21] Op. Cit. nota 5. 

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