Assisti e recomendo a peça FISH & CHIPS | Direção: Ary Coslov. No elenco, Bruno Ferrari, Marcello Escorel, Rubens de Araújo, Thaís Portinho, Gustavo Ottoni e Zaira Zambelli no Centro Cultural Correios. O espetáculo narra de forma irônica o sonho e o pesadelo de imigrantes no primeiro mundo.
sábado, 31 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
MEMÓRIAS DO CARNAVAL
Madame Satã da Lins Imperial
Na minha adolescência, o ônibus que eu pegava de volta para casa, quando ia à praia de Copacabana, passava na Avenida Mem de Sá, na Lapa. Na época um lugar onde a única coisa que me chamava a atenção, além da exuberância de seus Arcos, era porque dava para perceber, mesmo durante o dia, que era um lugar de prostituição devido ao número de inferninhos e hotéis baratos. De um lado da avenida ficava a Boate Carrossel e do outro a Novo México, que hoje é o Niño de Artes Luiz de Mendonça, um espaço cultural dedicado ao teatro.
Em 1990 a Lins Imperial homenageou Madame Satã, figura folclórica do bairro boêmio carioca que vivia entre “malandros e artistas; mundanas e conquistas e famosos cabarés e também rufiões e cafetinas que sempre disputavam o comércio dos bordéis”. O inesquecível samba-enredo que começava com “A lua vem brilhando cor de prata, para iluminar a Lapa, dos sambistas e seresteiros” emocionava o público na Sapucaí que vibrava ainda mais quando a escola do Lins cantava na avenida o refrão “Navalha no bolso e chapéu de panamá, lá vai o malandro, o baralho cartear”.
A Lins Imperial ficou em antepenúltimo lugar e escapou de ser rebaixada, mas foi campeã em meu coração, numa época que eu nem sonhava que um dia seria vizinho da escola e tampouco desfilaria por ela muitos anos depois.
O enredo da Lins Imperial de 90 me incentivou a conhecer a Lapa, que no início dos anos noventa, ainda era um lugar deserto, escuro e perigoso, repleto de travestis, pivetes e prostitutas, muito longe de ser o ponto turístico que é hoje em dia, com seus Arcos e seus velhos casarões, testemunhas de várias lendas e histórias.
(Jorge Eduardo Magalhães)
Na minha adolescência, o ônibus que eu pegava de volta para casa, quando ia à praia de Copacabana, passava na Avenida Mem de Sá, na Lapa. Na época um lugar onde a única coisa que me chamava a atenção, além da exuberância de seus Arcos, era porque dava para perceber, mesmo durante o dia, que era um lugar de prostituição devido ao número de inferninhos e hotéis baratos. De um lado da avenida ficava a Boate Carrossel e do outro a Novo México, que hoje é o Niño de Artes Luiz de Mendonça, um espaço cultural dedicado ao teatro.
Em 1990 a Lins Imperial homenageou Madame Satã, figura folclórica do bairro boêmio carioca que vivia entre “malandros e artistas; mundanas e conquistas e famosos cabarés e também rufiões e cafetinas que sempre disputavam o comércio dos bordéis”. O inesquecível samba-enredo que começava com “A lua vem brilhando cor de prata, para iluminar a Lapa, dos sambistas e seresteiros” emocionava o público na Sapucaí que vibrava ainda mais quando a escola do Lins cantava na avenida o refrão “Navalha no bolso e chapéu de panamá, lá vai o malandro, o baralho cartear”.
A Lins Imperial ficou em antepenúltimo lugar e escapou de ser rebaixada, mas foi campeã em meu coração, numa época que eu nem sonhava que um dia seria vizinho da escola e tampouco desfilaria por ela muitos anos depois.
O enredo da Lins Imperial de 90 me incentivou a conhecer a Lapa, que no início dos anos noventa, ainda era um lugar deserto, escuro e perigoso, repleto de travestis, pivetes e prostitutas, muito longe de ser o ponto turístico que é hoje em dia, com seus Arcos e seus velhos casarões, testemunhas de várias lendas e histórias.
(Jorge Eduardo Magalhães)
MINHA PEÇA "CIRCO ODISSEIA" NO SANTA CRUZ SHOPPING RIO
No próximo dia 5 de outubro, às 17:00h, no Santa Cruz Shopping Rio, será apresentada minha peça Circo Odisseia, dirigida por Bruno Comitre. A peça fala sobre uma trupe de circo que ronda o subúrbio carioca e periferia, mas perde espaço para outros entretenimentos, favelização, crescimento do crime e interesses políticos. A entrada é franca. Vale a pena conferir.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
A "EM CIMA DA HORA" E A RUA DA CARIOCA
Em 1996 eu saía no Bloco do Bigode que desfilava na Avenida Rio Branco nos domingos e terças de carnaval.
Num dos pagodes na sede do bloco, que ficava na Rua Silvana, em Piedade, realizado um domingo antes do carnaval, uma das componentes do bloco me convidou para desfilar na Em Cima da Hora, que iria desfilar no sábado de carnaval pelo grupo A.
Aliás, o Bloco do Bigode parecia ter alguma ligação com a escola de Cavalcante, pois no repertório dos pagodes de domingo não podia faltar “Os sertões”, inesquecível samba-enredo da Em Cima da Hora de 1976, samba homônimo da obra de Euclides da Cunha, que falava sobre a guerra de Canudos.
O enredo daquele ano era sobre a Rua da Carioca e a minha ala representava o Bar Luiz, que tem um dos melhores chopes da cidade. Como é um bar com comida alemã, a nossa fantasia era de tirolês azul, que representava a cor da escola. Um caneco de chope pendurado no pescoço por um barbante também fazia parte da fantasia.
Na concentração eu comprava cerveja em lata e enchia a caneca pendurada no pescoço enquanto ríamos e tirávamos fotos.
A nossa escola seria a primeira a desfilar e quando o alto-falante anunciou a nossa entrada e do outro lado da Presidente Vargas teve uma sessão de fogos, nossos corações bateram mais forte. Lembro-me até hoje da chamada para começar a cantar o samba: “Com seu manto azul e branco vem ela aí e vem lá de Cavalcante pra Sapucaí.”
A presidente da ala alertou para que não entrássemos bebendo na avenida e rapidamente bebemos a cerveja que estava na caneca. Começava o samba: “Ô yara cigana, canta, dança e toca, é Rio, é Rua, é Carioca”. Mas a nossa ala se empolgava ainda mais quando cantávamos a parte: “E tome polca, no Bar Luiz a noite inteira, samba, chope e gafieira”, mostrando as canecas para o público e para os jurados.
Foi uma emoção ver o Arco da Apoteose crescendo diante dos nossos olhos e chegamos à dispersão com sensação de missão cumprida.
A GRES Em Cima da Hora tirou um modesto 6º lugar, mas fez um lindo desfile com qualidade de campeã.
(Jorge Eduardo Magalhães)
Num dos pagodes na sede do bloco, que ficava na Rua Silvana, em Piedade, realizado um domingo antes do carnaval, uma das componentes do bloco me convidou para desfilar na Em Cima da Hora, que iria desfilar no sábado de carnaval pelo grupo A.
Aliás, o Bloco do Bigode parecia ter alguma ligação com a escola de Cavalcante, pois no repertório dos pagodes de domingo não podia faltar “Os sertões”, inesquecível samba-enredo da Em Cima da Hora de 1976, samba homônimo da obra de Euclides da Cunha, que falava sobre a guerra de Canudos.
O enredo daquele ano era sobre a Rua da Carioca e a minha ala representava o Bar Luiz, que tem um dos melhores chopes da cidade. Como é um bar com comida alemã, a nossa fantasia era de tirolês azul, que representava a cor da escola. Um caneco de chope pendurado no pescoço por um barbante também fazia parte da fantasia.
Na concentração eu comprava cerveja em lata e enchia a caneca pendurada no pescoço enquanto ríamos e tirávamos fotos.
A nossa escola seria a primeira a desfilar e quando o alto-falante anunciou a nossa entrada e do outro lado da Presidente Vargas teve uma sessão de fogos, nossos corações bateram mais forte. Lembro-me até hoje da chamada para começar a cantar o samba: “Com seu manto azul e branco vem ela aí e vem lá de Cavalcante pra Sapucaí.”
A presidente da ala alertou para que não entrássemos bebendo na avenida e rapidamente bebemos a cerveja que estava na caneca. Começava o samba: “Ô yara cigana, canta, dança e toca, é Rio, é Rua, é Carioca”. Mas a nossa ala se empolgava ainda mais quando cantávamos a parte: “E tome polca, no Bar Luiz a noite inteira, samba, chope e gafieira”, mostrando as canecas para o público e para os jurados.
Foi uma emoção ver o Arco da Apoteose crescendo diante dos nossos olhos e chegamos à dispersão com sensação de missão cumprida.
A GRES Em Cima da Hora tirou um modesto 6º lugar, mas fez um lindo desfile com qualidade de campeã.
(Jorge Eduardo Magalhães)
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