sábado, 14 de agosto de 2010

NOITES PERDIDAS


Minha querida Patrícia
Na minha luta diária,
Vejo dicas literárias,
No RJ notícias.

Ficaria feliz da vida,
Se numa sexta falasse,
E minha obra mostrasse,
Vagando na noite perdida.

(Jorge Eduardo Magalhães)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CONTO DE JORGE EDUARDO PUBLICADO NO JORNAL TREM ITABIRANO-MG





O reserva
 Do banco de reservas, observava o fiasco do seu time, lanterna da terceira divisão, perdendo em casa por seis a zero. O técnico, seu Joça, gritava as instruções para os jogadores em campo.
Alguém se aproximou dele e disse:
  - Você não joga nada!
 - Você não me viu jogando!
 - Nem precisa, pra ser reserva dessa porcaria!
 Sua cólera fez com que se lembrasse de um antigo sonho do início da carreira que nunca iria se realizar. Imaginava jogar num time grande e ser convocado pra seleção brasileira. E que estava jogando na final de uma Copa do Mundo realizada no Brasil contra a Argentina, o jogo estava zero a zero e aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, marcava um gol dando o título ao Brasil. Finalmente, levantava a taça com milhares de brasileiros gritando o seu nome. Despertou do sonho com o sétimo gol que seu time levou.
 - Que técnico incompetente, retranqueiro – pensou, eu faria diferente.
 Foi quando decidiu parar de jogar e se dedicar à carreira de técnico. Primeiro tiraria seu time do buraco e chegaria a técnico da seleção brasileira, onde numa final conta a Argentina faria uma substituição de um jogador que logo ao entrar em campo faria o único gol da partida dando o título ao Brasil, seu nome como técnico seria aclamado e...

                                                   (Jorge Eduardo Magalhães)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

VOLTA PATRÍCIA


Ela não deu mais o ar de sua graça,
Não aparece mais naquele jornal,
Não apresenta a agenda cultural,
Onde sua beleza sempre realça.

Não aparece em nenhum momento,
Não fala da violência diária,
Nunca mais nos deu as dicas literárias,
Muito menos a previsão do tempo.

Quero que Patrícia reapareça,
Para as novidades nos informar,
E a nova emissora vir te mostrar,
Para que o povo nunca mais te esqueça.

(Jorge Eduardo Magalhães)

NOVO LINK PARA ADQUIRIR MEU ROMANCE



O novo link da editora para quem quiser adquirir meu romance Vagando na noite perdida é: http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=206&idProduto=207

Leiam trecho da orelha do livro escrita pelo professor, escritor e jornalista Nelson Tangerini:

Enquanto o corpo da bela e loira Gisele jaz nu e adormecido - para sempre? - sobre a cama de um imundo e fétido quarto da Lapa, fazendo-nos lembrar, rapidamente, de um longínquo poema de Castro Alves, seu atormentado e tenso namorado resolve passear pelo reduto boêmio daquela região. O autor de Vagando na Noite Perdida passeia pelo mundo (a velha Lapa) de Manuel Bandeira, fazendo uma verdadeira geografia machadiana daquele local que um dia fora familiar e muito chique. É a história do submundo da Lapa, do submundo das grandes cidades. Histórias como estas tomam as páginas policiais de nossos jornais sensacionalistas todos os dias.
(...)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CONTO DE JORGE EDUARDO PUBLICADO NO JORNAL POLEGAR - NOVO HAMBURGO/RS


O noivo da suicida

 Foi ao hospital fora do horário da visita, conseguiu convencer os enfermeiros, não queria correr o risco de se deparar com nenhum familiar de Cecília. “A culpa foi sua!” “Canalha!” Tinha certeza de que ouviria isso, talvez até partissem para a violência física.
 Namoraram desde garotos, mas a relação estava desgastada, Cecília era extremamente ciumenta, possessiva, sentia-se sufocado. Havia conhecido Cristina, uma pessoa maravilhosa, que o compreendia e o incentivava a realizar todos os seus sonhos. Enquanto Cecília sempre o ridicularizava, baixando ainda mais a sua auto-estima.
 Não tinha culpa de nada, ninguém era obrigado a ficar com ninguém. Não era culpado se a louca da Cecília, depois que ele terminou o namoro ateou fogo no próprio corpo.
 Entrou no quarto, ela estava sedada, ficou observando seu corpo enfaixado e sentiu um enorme aperto em seu coração. Sim, a culpa era toda dele, ele tinha que ter preparado Cecília para o rompimento do compromisso.
 Agora se sentia na obrigação moral de se casar com Cecília, afinal, ela arruinara sua vida por causa dele.
 Saiu do quarto com os olhos úmidos, no corredor do hospital pensava em terminar tudo com Cristina, seria duro, mas ele se sentiria melhor.
 Cristina o esperava na porta do hospital e ele estava decidido.
 - Cris, preciso muito falar contigo, tomei uma decisão muito séria.
 - Pode falar, meu amor.
 Ficou calado por alguns instantes e disse:
 - Querida, te amo muito, por isso quero me casar contigo.
 Trocaram um apaixonado beijo.
 
                                              (Jorge Eduardo Magalhães)

sábado, 7 de agosto de 2010

BLOG LITERÁRIO PUBLICA RESENHA SOBRE ANTOLOGIA SOLARIUM 2



O blog "Cooltural" publicou uma resenha sobre a antologia Solarium 2 e destacou meu conto "Manuscrito de viagem". Confira:

 Antologias são ótimas ferramentas literárias, tanto para quem ler quanto para quem escreve. A princípio pode-se enumerar alguns fatores que contribuem para isso. Primeiro é que elas reúnem textos (contos, poemas ou crônicas) sobre determinados temas específicos, e aí faz com que o leitor vá direto àquelas com temas que lhe agradem. Segundo, permite que os leitores conheçam novos autores, com estilos diferentes permitindo que se experimentem aperitivos com textos curtos desses autores. E por fim, oportuniza que novos autores se lancem no mercado editorial, um texto publicado em uma antologia pode ser o passo inicial para que autores se tornem grandes figuras do mundo das letras. Solarium 2 (2009) é uma antologia de contos de ficção-científica organizada por Frodo Oliveira e publicada pelo selo anthology da editora Multifoco.
 Ficção-científica é de longe um dos temas que mais chamam a atenção dos leitores, e apesar de ser fantasioso, a fuga da realidade aqui se dar bem menos do que nos romances ditos de Fantasia. Nada de monstros mágicos em mundos encantados, o que temos aqui é mais um olhar de possibilidades futurísticas.   Coisas da ficção-científica que há muito eram consideradas fuga de realidade se mostraram possíveis com os avanços da tecnologia, e os robôs de Asimov estão aí para provar isso. Aqui há um leque maior de subtemas. Invasões de alienígenas, destruição do mundo, abduções, curam de doenças, exploração de outros planetas, evolução de outras espécies, tudo isso é o que sai da mente desses novos escritores que se buscam não só em si, mas em outras referências para comporem suas próprias – e às vezes primeiras – histórias.
 O termo solarium, como o próprio livro explica, refere-se ao termo grego que significa relógio e era usado para designar uma antiga constelação extinta no século XIX e que se localizava entre Horologium, Hydrus e Dorado. Aqui há muito mais que aventuras espaciais. O conto que abre a antologia nos leva a um mundo futurista onde já é possível a exploração de outros planetas e a tecnologia do avatares é algo comum entre os povos. Mas além de temas deste naipe há contos que usam a fantasia apenas para nos inserir em temas sociais e muito verdadeiros, alguns contos caem de forma sadia no clichê das catástrofes ambientais e nos apelos ecológicos, mas é válido se feito de forma inovadora e isso acontece com alguns contos aqui presentes.
 Alguns merecem maior destaque como Beta Teste, A Estrela Cadente, Heliófilos, A Nave dos Deuses, Herança, A Sala das Garrafas, Entre o Céu e a Terra, O Espelho, Roswell, Manuscrito de Viagem e Sapiens. Ao todo são 25 contos escolhidos de forma a integrar uma diversidade de abordagens do gênero. A viagem no tempo é um evento incluído e bem abordado por Jorge Eduardo Magalhães, mas algo que surpreende é a discussão filosófica e biológica do conto Sapiens onde os anfíbios evoluem e tornam-se a espécie sucessora dos humanos aqui na terra, e a aposta é que os homens partam para outros mundos, para quem atentar bem há muito mais aqui do que mera divagação, se formos ver não fomos desde o princípio a espécie dominadora. Nossa sociedade é totalmente desconstruída e reconstruída com a presença de andróides e nos remete às guerras e disputas entre raças no conto Heliófilos.
 Cada conto é precedido de uma imagem que o ilustra. As ilustrações são belíssimas e são assinadas por Jou Martins e J. Fox, que por sinal assina um conto com Misael Archanjo, Entre o Céu e a Terra. Esse conto, que parece ser o maior de todos, há toda uma construção e descrição mais detalhada, assim como mais suspense e mistério. Temos dessa vez pessoas em experimentos científicos, com uso de vírus que confere poderes especiais às suas cobaias, com uma ponta dos contos policiais, esse se destaca pela discussão do assunto bioético.
 Solarium 2 (Multifoco, 196 pág.) além de ser uma continuação do primeiro volume é uma experiência única para os fãs do gênero. Apresenta-nos novos autores e nos faz viajar em suas criações e hipóteses, sejam elas fantasiosas, futuristas ou qualquer que venha a ser a vertente. Vale conferir. Recomendo!

(Ademar Júnior)